terça-feira, 1 de maio de 2007

Isadora meu amor

Ai que suspiro gostoso! A boquinha quase nem abre. A boca é tão pequena quanto a idéia que ela faz da vida. Só sabe de mamá, dos seus bebês, da mimy...
Seu riso é simpático e descompromissado. Não sei por que motivo ainda não tinha prestado tanta atenção. Depois de beliscar meu nariz trinta e tantas vezes, subiu no sofá da vovó e olhou pela janela com uma carinha de quem esperava aquela vista há anos.

E olha que nem tem nada de mais no quintal da vovó.
Tem a Dalila, umas pedrinhas que servem de banheiro para a Dalila, a grade do portão e a vista para a rua. Para ela, no auge de seus 18 meses de vida, tudo é novidade. Eu vejo isso duzentas vezes por dia e para mim não é nada.

Não é nada porque tenho outras prioridades. E minhas prioridades são tão chatas. Queria ser como ela. Cabeça limpa, coração mais ainda.
Lembro que quando pequena falava pra dona Uani que queria crescer logo. “Ai mãe, que dia eu vou ter 18 anos!?” Mal eu sabia que essa ansiedade iria se findar no momento em que a primeira responsabilidade viesse à tona.

Queria crescer logo para aproveitar de tudo que os adultos gozavam com tanta alegria, imaginava eu. Mas na minha humilde imaginação do que seria a vida adulta não contava em encontrar tantas dificuldades, maldades, ironias e falsidades.
Será que o bebeco vai sentir a mesma coisa? Quando a vejo sorrindo um sorriso tão sincero, percebo o quanto os pequenos são puros. É uma pena que quando crescem, fazemos o favor em mostrar-lhes a realidade.

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